"...e os membros do corpo que reputamos serem menos honrados, a esses revestimos com muito mais honra; e os que em nós não são decorosos têm muito mais decoro, ao passo que os decorosos não têm necessidade disso. Mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela," (1 Coríntios 12:23,24) É muito fácil a convivência na igreja quando encontramos irmãos dóceis, simpáticos, equilibrados, fáceis de relacionar. Mais fácil ainda quando são irmãos obedientes, humildes, serenos e moderados, enfim, é muito fácil estar com eles e tornar realidade os mandamentos de amor, de tolerância, de transparência e diálogo da Palavra de Deus. Mas há muita realidade quando Paulo fala daqueles membros no corpo que são pouco decorosos ou pouco honrosos (1Co 12:23,24), fazendo-nos lembrar de que é justamente a estes membros menos decorosos no nosso corpo aos quais damos mais honra, melhor cuidamos e mais protegemos. Pois assim também é na igreja.
A nossa tendência natural é de quando nos deparamos com irmãos difíceis assim excluí-los de nosso círculo mais próximo de relacionamentos, mesmo sendo dentro da igreja. Pensamos que é melhor "manter distância", "evitar problemas", "tirar o abraço" ou coisas semelhantes a estas que na verdade, se analisarmos com seriedade e humildade, à luz da Palavra, são atitudes erradas, pouco cristãs, nada sábias, pelo contrário, extremamente egoístas e mundanas, coisas de pecador, que não passam pelo crivo dos ensinamentos e da própria vida do Senhor Jesus.
No Sermão da Montanha em que Jesus mostrou muito claramente como deve ser diferente a vida do crente nos mais variados aspectos da vida, Ele disse: "Se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis por isso? Pois também os pecadores amam aos que os amam. E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que recompensa tereis por isso? Também os pecadores fazem o mesmo" (Lc 6:32,33). Prestemos muita atenção nestas palavras de Jesus. É assim que Ele quer que nós sejamos para com estas pessoas mais difíceis. Este é o padrão de Deus. E ainda diz: "Amai, pois os vossos inimigos, e fazei o bem, e emprestai, sem esperar nada, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus" (v.35). Foi Jesus quem disse isso! Se Ele fala assim até dos INIMIGOS, que diremos então daqueles que são nossos irmãos, congregam na mesma igreja que nós? Como devemos trata-los?
Como erramos, irmãos, quando fazemos uma seleção, uma verdadeira separação entre aqueles que agem do jeito que queremos que eles ajam e daqueles que fogem ao nosso "modelo" e do nosso exigente padrão de comportamento que DEVE ter quem pode fazer parte de nosso "seleto e privilegiado" círculo de amigos. Apenas a sonoridade destas palavras já tem uma conotação MUNDANA! Podemos nos lembrar neste ponto que a única vez em que os discípulos pediram ajuda para que Jesus aumentasse sua fé foi quando ele disse que devemos perdoar "setenta vezes sete" aqueles que nos incomodam (Lc 17:3-5). Jamais podemos esquecer que nós os que necessitamos de tanta misericórdia de Deus, e que nos emocionamos quando lemos que as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos e elas se renovam a cada manhã (Lm 3:22,23) temos o dever de tratar com misericórdia a todos aqueles que como nós necessitam dela (Mt 5:7); Ainda nas palavras de Paulo comparando o corpo de Cristo com nosso corpo natural, ele diz que "Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela".
Precisamos repensar nossos relacionamentos dentro da igreja ou corremos o risco de nos assemelhar aos pecadores!
Fonte : Lentras Santas
